Com Memória em Ana Cristina
vamos sair às cinco que te confesso:
furto palavras e as confundo cores.
sou febril e descalço
na corrente d`água feito bicho,
mas, guarde minhas palavras uma a uma.
a escrita me tem em estado de ardência
e juro fingindo que a febre extrai da fênix.
minhas palavras são apenas signos,
nada que me faça verter
o amarelo-cobalto-profundo
nas enchentes de olhar.
aflição de cuidar verdades,
ciladas de secar teu abandono
tão longe
de ficar em mim,
que construo o talhe da tua carne,
na água furtada das cores líquidas
do gozo
em teu corpo,
e ofereço o meu,
se algum vitral me olha gruta no côncavo do escudo.
lembro Perseu matando sem olhar
e lanço palavras
com mil lanças
a mais.
da fonte de onde venho os afluentes todos
e todo oceano
deságua a sede, fere a garganta
e me chama, chama, sangue e desvario inútil
da escrita,
mas é apenas o que sou,
por favor,
guarde por segurança meu desejo
no abismo
da tua retina.
Um comentário:
Te, você sabe que adoro Clarice,Pessoa, mas da Ana Cristina só o aquele dos Inéditos, mas essa sua poesia é a tua cara.
Beijos
Nira
Postar um comentário