Mallarmé Sem Acaso
Refiz pra teus olhos
Destrei habilidade de atravessar
margens direita e esquerda
sem buscar terceira
no pouso.
Às vezes o vento sopro mal sustenta.
vezes de cessação rarefaz ar,
alquimiza nitrogênio,
arrefece peito, põe desassossego
abrasa tudo,
tudo e tudo quer
acender pulsa-delira
emboscado
põe ciladas sob as asas
leves se elevam
sobre meus olhos
entre
espaço e lume
amarelo o sol tempera azul
quase líquido
de nuvens diáfanas
em folhas de gelo
feito seda e sonho
escapo às lanças
meus signos erram
fraturam asas
abismam vertigem
no arremesso veloz
quedo ao branco do não-dizer
fundo denso vermelho
o corte
deixo tingir tuas mãos
no intervalo vivo
instante breve
lancina o peito
lances ao acaso,
podes lançar,
mesmo assim
nada demove
os destinos
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