Labirintos guardam enigmas dobrados sobre outros. Mal saimos de um labirinto e esquecemos o instante que sentimos o vazio nos interstícios das dobraduras. Centro do labirinto, lugar onde a vista abarca a multiplicidade de avessos.

domingo, outubro 09, 2005

Mallarmé Sem Acaso

Refiz pra teus olhos

Destrei habilidade de atravessar
margens direita e esquerda

sem buscar terceira
no pouso.

Às vezes o vento sopro mal sustenta.
vezes de cessação rarefaz ar,
alquimiza nitrogênio,
arrefece peito, põe desassossego

abrasa tudo,
tudo e tudo quer
acender pulsa-delira
emboscado

põe ciladas sob as asas
leves se elevam
sobre meus olhos
entre

espaço e lume
amarelo o sol tempera azul
quase
líquido
de nuvens diáfanas

em folhas de gelo
feito seda e sonho
escapo às lanças
meus signos erram


fraturam asas
abismam vertigem
no arremesso veloz
quedo ao branco do não-dizer

fundo denso vermelho
o corte
deixo tingir tuas mãos
no intervalo vivo

instante breve
lancina o peito

lances ao acaso,

podes lançar,
mesmo assim
nada demove
os destinos

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